segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Educação Financeira

Neste domingo tive uma experiência inédita. Há um tempo atrás me ofereci para falar sobre finanças a um grupo de crianças na Igreja Presbiteriana de Florianópolis. Inicialmente, falar de finanças me parecia uma tarefa tranquila, ainda mais para crianças. Seria apenas uma horinha e certamente eu tiraria de letra. Ledo engano!

A medida que a data se aproximava fui ficando cada vez mais apavorado. Me perguntava como fui me oferecer para uma atividade desta. Afinal, falar para crianças merecia uma metodologia totalmente diferente do estou habituado. Não poderia ir à frente da turma e fazer uma palestra ou dar uma aula, como costumo fazer com adultos. Como faria para deixar as crianças atentas e interessados no tema?

Enfim, passei pelo teste, pois ao final do encontro um pai que chegou para buscar seu filho disse que o pessoal deve ter gostado, pois encontrou todos quietinhos me ouvindo. Logicamente fiz uma dinâmica que despertasse o interesse deles pelo assunto.

Pensei em falar para as crianças, pois entendo que toda oportunidade é válida para evitar desastres financeiros constantes na vida de muita gente adulta. A falta da educação financeira na infância é um dos motivos que levam as pessoas a se endividarem.

Bom, gostaria de resumir um pouco o que tentei passar àquelas crianças:
  1. Em primeiro lugar devemos planejar nossos gastos. Não se pode gastar mais do que se ganha e, independente do valor, deve-se organizar a vida financeira de maneira que não falte no final do mês. A dica aqui é fazer sempre a seguinte pergunta quando se quer efetuar algum gasto: "eu realmente preciso daquilo que eu quero?" Basta pensar em quanto dinheiro já foi gasto (ou jogado no lixo) com coisas que trazemos para casa e nunca utilizamos. Usar a cabeça e pensar um pouco, ajuda a conter o impulso consumista.
  2. Em segundo lugar, temos que ter metas financeiras. Objetivos de consumo futuro nos forçam a poupar no momento. Podemos ter como meta uma viagem, uma casa, um carro novo, uma festa, a educação dos filhos, aposentadoria, etc. A lista pode ser enorme e só conseguiremos concretizar muitos desses objetivos se planejarmos nossos gastos e pouparmos parte da renda. Sobre alternativas de investimento, posso postar algo mais tarde.
  3. Para conseguir alguma poupança, devemos gastar com sabedoria. A propaganda, em geral, nos leva a consumir o que não precisamos. Afinal, a propaganda é feita para isso: vender. Neste sentido, não precisamos comprar tudo que está sendo anunciado. Gastar com sabetodia também significa comparar preços entre os lojistas, negociar com vendedores, procurar descontos e aguardar as promoções. Devemos lembrar que o lojista não pode ficar com seu produto na prateleira. Ele tem que vender e por isso uma boa negociação na venda pode trazer vantagem ao comprador e também ao vendedor, que coloca dinheiro no caixa para repor seus estoques.
  4. Não comprar a prazo é outra dica importante. Existem juros embutidos no preço dos produtos parcelados e geralmente as taxas são elevadas. O melhor que se deve fazer é poupar e comprar a vista, aproveitando descontos e pagando menos.
  5. Finalmente, pude falar às crianças a respeito da ética quando se trata de dinheiro e, consequentemente, o respeito com as pessoas quando se assume algum compromisso financeiro. É uma questão importante de educação que normalmente vem de berço, mas que vem se deturpando nos dias de hoje. O que é meu é meu e devo brigar por isso. Contudo, aquilo que é de outro devo devolver.

As dicas não servem apenas para crianças, mas para qualquer um que liga com dinheiro. Só espero que a semente plantada na cabecinha daquelas crianças possa germinar e que de frutos no futuro.

Um abraço.

domingo, 23 de agosto de 2009

Caderneta de Poupança


Faz tempo que não posto nada por aqui. O tempo anda curto. Mas tenho sido questionado a respeito das mudanças que devem acontecer na Caderneta de Poupança e o que fazer com os investimentos.

Como sempre, nosso presidente, Sr. Luiz da Silva, se precipitou quando anunciou as alterações na Caderneta de Poupança. Logo no primeiro mês houve um crescimento negativo, mas já se recuperou e passou a ser a melhor alternativa para quem tem poucos recursos para um prazo curto e que tem aversão ao risco.

Ocorre que a forma mais popular e mais tradicional de investimento no Brasil tem que mudar, já que à medida que a taxa de juros vai baixando para níveis mas adequados as padrões internacionais, não podemos ficar com uma alternativa de investimento que tenha taxa fixa de 6% a.a. mais a TR. Isto, certamente, é um atrativo para esta modalidade de investivento, mas cabe ao governo manter o equilíbrio da poupança nacional e não deixar canalizar toda ela para apenas uma alternativa que, basicamente, aplica seus recursos em crédito imobiliário.

Mantendo a Caderneta de Poupança nos níveis atuais, desestimulará a canalização de recursos para os CDB's, fundos de renda fixa, etc. já que normalmente estão atrelados à SELIC/CDI que vem caindo a cada reunião do COPOM. Daí a necessidade de alteração nas regras básicas, principalmente na taxa de juros.

Cabe lembrar que a Caderneta d Poupança já foi uma grande alternativa de investimento na época da inflação alta e já teve suas quedas em função da rentabilidade fixa que ficou bem menor quando o Governo aumentou a SELIC para combater a alta da inflação. Atualmente estamos vivendo um momento de SELIC baixa o que incentiva o pequeno (e médio também) investidor a manter seus recursos investidos nesta modalidade.

Algumas considerações importantes a respeito da Caderneta de Poupança: em primeiro lugar, deve-se levar em considerção que a rentabilidade da Caderneta de Poupança em 2007 foi de 7,70% a.a. e em 2008 de 7,90% a.a. e que em 2009 já acumulou 4,75%, o que não é tão mal comparado com alguns fundos de investimento destinado a pequenos investidores; em segundo lugar, não tem incidência de Imposto de Renda (para pessoa física e entidades sem fins lucrativos); em terceiro lugar, não tem Taxa de Administração que em alguns bancos chegam a cobrar 5% a.a.; finalmente, o risco é baixíssimo, já quem tem um fundo garantidor do governo para aplicações até R$ 60.000,00.

A dica para pequenos investidores, portanto, é manter seus investimentos na Caderneta de Poupança como alternativa, porém ficar atendo às mudanças que o Governo deverá promover em breve para ver até que ponto ela atinge seu investimento.
Da minha parte vou tentar manter o leitor informado a respeito desta e de outras modalidades de investimento de interesse geral. Boa semana!